quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Esporão ou esporão do calcâneo: tem jeito de aliviar a dor?



O que é o esporão do calcâneo?
O esporão do calcâneo é uma condição óssea degenerativa (artroseou artrite), constituindo-se de uma espícula óssea que se desenvolve na parte anterior do calcâneo (osso do calcanhar). O calcâneo é o osso de maior tamanho em toda a estrutura óssea do pé e suporta todo o peso do corpo, sofrendo um impacto intenso e constante.
Há duas espécies de esporão do calcâneo:
  • Inferior: comprometimento da fáscia plantar.
  • Posterior: comprometimento da bolsa retrocalcânea.
Quais são as causas do esporão do calcâneo?
O esporão do calcâneo afeta principalmente as mulheres, entre 40 e 50 anos, praticantes de caminhadas ou corridas e aquelas que trabalham em pé por longos períodos ou as que sofrem com o sobrepeso. Mas ele pode afetar também os homens.
A planta do pé é composta por estruturas elásticas (músculos) e rígidas (fáscias). Na prática, essas estruturas aumentam a eficiência do impulso executado quando o calcanhar se distancia do solo. Quando há um esforço excessivo nesta região podem ocorrer fissuras e inflamações da fáscia. Isso pode ocorrer em virtude da retração do tendão de Aquiles ou de pés com a curvatura anômala.
O esporão do calcâneo pode não ter causa específica.
Quais são os sinais e sintomas do esporão do calcâneo?
O esporão é frequente entre desportistas, pessoas com excesso de peso e pessoas com pé cavo ou pé plano.
Raramente o esporão causa inflamação visível, avermelhamento ou outro sinal aparente. A dor é o principal sintoma e começa já com os primeiros passos do dia. Geralmente é uma dor pulsante na zona plantar do calcanhar, mas há também uma dor de repouso e ao colocar o pé no calçado.
Deve-se estar advertido de que nem toda dor no calcanhar é esporão e há esporões que não doem.
Como o médico diagnostica o esporão do calcâneo?
O esporão de calcâneo pode ser diagnosticado através do relato dos sintomas e de um exame físico adequado. A radiografia ajuda a confirmar o diagnóstico.
Como o médico trata o esporão do calcâneo?
Inicialmente, o tratamento consiste em alongamento do tendão de Aquiles e da fáscia plantar e no uso de uma palmilha de silicone para o calcanhar. Geralmente, em oito semanas esse tratamento beneficia 90 a 95% dos pacientes.
Para os que não se beneficiam, existem duas opções:
  • Injeções de corticoide na fáscia plantar.
  • Uso do night splint (tala noturna), que imobiliza o tornozelo e alonga a fáscia plantar
Só 5% dos pacientes demandarão medidas cirúrgicas, que podem não apresentar uma resposta muito boa.
Como evolui o esporão do calcâneo?
Os sintomas do esporão do calcâneo são bem controlados com a fisioterapia, palmilhas e calcanheiras de silicone. A maioria dos casos dolorosos de esporões do calcâneo cura-se somente com o uso de anti-inflamatórios e de sapatos confortáveis.
Como prevenir o esporão do calcâneo?
Existem algumas medidas que não tratam o esporão, mas minoram os sintomas que ele causa:
  • Usar sapatos com amortecedores e salto de no mínimo 2,5 cm de altura.
  • Usar sapatos fechados e protegidos.
  • Evitar ficar em pé por tempo prolongado.
  • Controlar o excesso de peso corporal.
  • Fortalecer a musculatura da planta do pé.
  • Não fazer corridas ou saltos sem a adequada preparação da musculatura do pé.
  • Usar calçados adequados às diversas práticas esportivas.
  • Fazer rolamentos com uma bola elástica (aquelas que têm umas pontas mais salientes) nos pés. Estes exercícios devem ser feitos três vezes ao dia, repetindo os rolamentos umas cem vezes.

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terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Síndrome do Ombro Doloroso



Essa síndrome causa dores e impotência funcional de graus variados. Isso quer dizer que ela atinge as estruturas que possibilitam o movimento do ombro, como tendões e músculos, articulações, ligamentos e bursas. Transtornos e afecções locais ou à distância de implicações etiopatogênicas também podem ser consequência dessa síndrome.
As dores no ombro podem ocorrer por dois motivos: causas indiretas ou por traumas, movimentos repetitivos, ocorrência neurológica (subluxação) e luxação após acidente vascular cerebral.
Na maioria dos casos (cerca de 80%), a síndrome do ombro doloroso é causada por bursites subdeltoidiana ou subacromial, com ou sem depósito calcário . Em outros casos, ocorre devido a miofibrosites e artrites do ombro, entre outros.
A bursite subdeltoiana ou subacromial é causada por: atividade excessiva; ruptura do supra-espinhoso, infra-espinhoso ou longa porção do bíceps; Hiperabdução prolongada; Luxação acrômio-clavicular; Irritação por osteófitos; Fratura do troquiter; Aderência (pacientes crônicos em leito); e Alterações (inflamações no manguito músculo tendinoso integrado).
os sintomas de dor de ombro são bastante variados.Porém, quando a dor é grave, é possível que ela irradie para áreas como pescoço, braço e cotovelo. A pessoa também pode sentir dificuldade em se vertir, fraqueza muscular, limitação dos movimentos de braço e mão e até interrupção do sono.
Quando o tratamento é feito por meio de fisioterapia, são utilizados recursos terapêuticos e terapias complementares, sempre em busca de restabelecer a função articular do ombro. Esses tratamentos proporcionam alívio dos sintomas ocasionados pela síndrome do ombro doloroso.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

ENTENDENDO UM POUCO MAIS DE OSTEOARTRITE (OA)


A prevalência da osteoartrite como um todo é marcantemente correlacionada com a idade. Independentemente de como ela é definida, é incomum em adultos abaixo de 40 anos e extremamente prevalente acima de 60 anos. Nas mulheres, especialmente após os 50 anos, a osteoartrite é mais prevalente do que nos homens e tem distribuição mais difusa. Os estudos epidemiológicos se concentram basicamente na análise de prevalência e incidência de OA de mãos, joelhos e quadris, sendo a OA de joelhos mais estudada. Em geral, pode-se dizer que OA de mãos e joelhos é mais frequente em mulheres e de quadris é mais prevalente em homens, embora pareça progredir mais rapidamente nas mulheres. OA radiográfica é encontrada acima de 70 anos em 80% dos homens e em 90% das mulheres.
A identificação apropriada de fatores de risco para a doença é importante para determinar a evolução da doença e evitar sua progressão. Baseado na detecção destes fatores, precocemente se pode aplicar medidas de prevenção que alterem o prognóstico da doença.
A doença é causada por fatores mecânicos locais aberrantes atuando no contexto de uma suscetibilidade genética. Os fatores de risco que aumentam a vulnerabilidade à doença são envelhecimento, sexo feminino e possíveis deficiências nutricionais. Estes fatores em indivíduo geneticamente suscetível (herança poligênica, mas ainda não bem esclarecida) associado a fatores de risco locais, tal como desvios de eixo articular, fraqueza muscular ou alterações estruturais intra-articulares, como lesões meniscais, facilitam a progressão da doença. As eventuais injúrias do dia a dia pelas atividades de lazer ou trabalho e a obesidade, tão crescentes nas sociedades modernas, aumentaram as possibilidades reais de incidência e progressão da doença. A obesidade particularmente é fator de risco para OA pelo aspecto de sobrecarga mecânica em articulações que sustentam peso e pelas descobertas dos mediadores pró-inflamatórios estimulados pelas adipocinas, das quais a mais estudada recentemente é a leptina. Isso explica a maior incidência de OA em obesos, mesmo em articulações de mãos. Recente estudo reviu o aspecto da progressão da doença já estabelecida em obesos com resultados interessantes. Algumas situações de alinhamento articular interagem com a obesidade para aumentar a chance de progressão da doença.
O papel da vitamina D é atualmente controvertido. Dois estudos haviam estabelecido o papel protetor da vitamina D na progressão da OA de joelho e na redução da incidência de OA de quadris. No entanto, um estudo analisando o nível de vitamina D num grupo de 1.203 indivíduos provou mais recentemente que os níveis de vitamina D não influenciaram a progressão de OA de joelho. Portanto, o papel de fatores nutricionais é, no momento, ainda polêmico.
Vale ressaltar a observação de relação inversa entre osteoporose e osteoartrose. Há um determinado aumento da osteoartrite à medida que há aumento da densidade óssea na proporção de até 11,8%. Recentemente, a hipercolesterolemia(taxa de colesterol alta) e o diabetes (taxa de glicose alta) foram identificados como fatores de risco para OA. Diabetes foi associada à OA de joelhos e hipercolesterolemia à OA generalizada.
COMO ACONTECE A OSTEOARTRITE
A cartilagem compreende um tecido sem vascularização composto de fibras colágenas, proteoglicanos e glicosaminoglicanos ligados ao ácido hialurônico e a uma única linhagem celular, chamada condrócito. Estes grandes complexos moleculares retêm água e dão as características de elasticidade e compressibilidade da cartilagem.
Com a artrose as características destas moléculas da matriz cartilaginosa se modificam, o número de condrócitos diminui e a retenção de água é reduzida, o que provoca fissuras na matriz, alterando a distribuição de forças nas zonas receptoras de peso, transmitindo esta sobrecarga para o osso subcondral. A cartilagem envelhecida tem menos água e menor número de condrócitos, o que leva à produção de uma matriz com componentes qualitativa e quantitativamente inferiores comparados à cartilagem normal.
As fissuras produzidas no tecido cartilaginoso atingem o osso subcondral e novos fenômenos ocorrem neste ambiente, provocando aposição de tecido osteoide, o que determina a esclerose subcondral característica da osteoartrose e formação de osteófitos. A comunicação do ambiente intra-articular com o osso subcondral provoca a sinovite leve como resultado de liberação local de mediadores pró-inflamatórios.
Em resumo, a osteoartrite resulta de falência dos condrócitos em produzir componentes da matriz cartilaginosa com resistência e elasticidade adequadas para absorção dos impactos que a articulação é submetida no dia a dia.
Os mais recentes estudos de patogênese da osteoartrite apontam no osso subcondral o início dos eventos que culminam na alteração do tecido cartilaginoso. O osso subcondral é estruturalmente diferenciado e seus osteoblastos seriam sensibilizados por estresses mecânicos de forma a produzirem agentes pró-degradativos e citocinas que agiriam na degradação da cartilagem e a liberação neste tecido de fatores de crescimento (fator 1 de crescimento derivado da insulina e fator de crescimento transformador beta) que facilitam a proliferação óssea, promovendo esclerose e formação de osteófitos.
A osteoartrite é considerada uma doença não inflamatória, mas hoje já se sabe a influência de citocinas pró-inflamatórias no processo degradativo da cartilagem, embora este processo seja de menor magnitude do que ocorre na artrite reumatoide. O próprio condrócito produz citocinas e responde a elas. Além dele, células sinoviais e osteoblastos subcondrais. A citocina-chave para todo o processo catabólico da osteoartrite é a interleucina-1 beta. Ela promove uma enormidade de ações sobre os tecidos e células e estimula outras cadeias de reações com produção de outras citocinas e enzimas que interagem para culminar com o processo que leva à destruição da cartilagem.
A orquestra de eventos celulares é resumidamente um balanço de resposta condrocitária e osteoblástica a estímulos de mecanorreceptores. Dependendo do estímulo, a produção de substâncias de gradativas pode favorecer a recomposição da matriz ou degradá-la mais do que recompô-la, culminando em doença.
TRATAMENTO
O tratamento da osteoartite é multidisciplinar e envolve a participação de educadores, nutricionistas, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais e médicos (em geral reumatologistas, generalistas, geriatras e ortopedistas). Os objetivos do tratamento são: reduzir a dor, manter a função, melhorar a qualidade de vida, prevenir ou retardar a progressão para o dano estrutural articular e retardar ou evitar a artroplastia.
Ao analisarmos o paciente para o tratamento, devemos levar em consideração qual a localização do comprometimento articular (generalizada ou localizada em articulações específicas), se a doença apresenta sinais de “atividade” presente, como dor noturna, rigidez matinal prolongada e inflamação articular, e se na gravidade que leva em consideração existe indícios de dano estrutural articular, com deformidades e perda funcional.
O tratamento é dividido em farmacológico e não farmacológico
O tratamento não farmacológico engloba educação, fisioterapia, terapia ocupacional, controle da obesidade, acupuntura, auxílios, bengalas, palmilhas, órteses.
TRATAMENTO FARMACOLÓGICO
  • Tratamentos tópicos
Os anti-inflamatórios não hormonais (AINH) tópicos são superiores ao placebo na melhora da dor e da rigidez dos pacientes com OA de mãos e de joelhos. Os efeitos adversos são mais locais, como irritação e alergias.
A capsaicina , um extrato alcaloide extraído da pimenta, é superior ao placebo na melhora da dor.
  • Analgésicos
O uso do paracetamol pode aliviar a dor do paciente com osteoartrite, mas apresenta efeito analgésico inferior aos AINH. Em casos mais graves, na impossibilidade do uso dos AINH, pode ser necessário, nos pacientes que apresentam dor de moderada à dor intensa, o uso de analgésicos opioides como codeína, cloridrato de tramadol e oxicodona, lembrando que essa classe de medicamentos é vendida com retenção da receita médica ,e possui efeitos adversos frequentes, como náuseas, sonolência, obstipação, prurido, secura oral e, mais raramente, depressão respiratória e circulatória com hipotensão.
  • Anti-inflamatórios
Os AINH apresentam efeito analgésico superior ao paracetamol. Essa classe de medicamentos deve ser utilizada na menor dose terapêutica para alcançar os efeitos analgésicos desejados. Apresentam risco gastrointestinal, cardiovascular e renal e devem ser usados com cautela em pacientes idosos, sempre associados ao uso de protetores gástricos e com controle rigoroso da pressão arterial e da função renal. Usar apenas quando necessário é uma tendência atual, apesar de não existir estudo comparativo.
Drogas conrotetoras.
  • Diacereína
A diacereína, uma antraquinona de origem vegetal, foi aprovada como tratamento de AO, em 1994, na França e é comercializada no Brasil desde 96. A indicação da diacereína está presente em 50% dos consensos, recomendações ou guias para o tratamento da OA de joelhos e quadris publicados na literatura médica. A efetividade da diacereína no controle dos sintomas da OA é discreta pela análise dos estudos presentes na literatura e incluídos na revisão sistemática da Cochrane Library. A possibilidade de proteção estrutural articular só foi demonstrada para os quadris. A dose ideal é 100 mg/dia. Estudos recentes confirmam a não inferioridade da diacereína com relação aos AINH e o efeito residual do medicamento. Os efeitos adversos mais frequentes são: diarreia e sintomas relacionados, alteração da cor da urina e fenômenos alérgicos (rash, prurido).
  • Glucosamina
O sulfato de glucosamina é uma substância química de baixo peso molecular, cujo mecanismo de ação não está totalmente elucidado. A proposta terapêutica é a inibir progressão da degradação da cartilagem e estimular a formação de uma nova cartilagem. Os resultados dos ensaios clínicos randomizados versus placebo e da meta-análise da Cochrane sugerem que a glucosamina apresenta efeito benéfico no tratamento da OA, tendo sido superior ao placebo no tratamento da dor e da impotência funcional da OA. O sulfato de glucosamina 1.500 mg/dia também foi superior ao placebo com relação do desfecho preservação do espaço articular do compartimento tibiofemoral, como foi demonstrado em ensaio clínico randomizado com duração de três anos comparado com grupo placebo. O medicamento é seguro, sem nenhuma evidência de efeitos adversos importantes ou limitantes. A dose recomendada é de 1.500 mg/dia.
  • Sulfato de condroitina
Sulfato de condroitina 4 e 6 fazem parte das moléculas de proteoglicanos que integram a matriz extracelular da cartilagem e que contribuem para suportar a deformação. Existem controversas com relação à eficácia do sulfato de condroitina no tratamento da osteoartrite, tanto do ponto de vista sintomático como também como droga conrotetora. Recentemente foi publicado um ensaio clínico randomizado placebo controlado com 622 pacientes com OA de joelhos que utilizaram por 800mg de sulfato de condroitina 4 e 6 por um período de dois anos, cujo resultado observado foi uma maior preservação do espaço articular no grupo condroitina.
  • Colágeno tipo II -UC II
A principal proteína estrutural responsável pela tração e firmeza do tecido cartilaginoso é o colágeno tipo II. No caso da osteoartrite, há uma produção exacerbada da enzima colagenase, provocando a quebra da cartilagem, que tem por consequência a inflamação e dor.
UC-II® é capaz de dessensibilizar o sistema imunológico. Desta forma previne o “ataque” auto imune às nossas cartilagens. Por consequência há um bloqueio da inflamação, sem a qual o paciente não apresenta mais o quadro de dor.
Quando o organismo não ataca mais exacerbadamente as cartilagens, é reestabelecida a homeostase entre quebra e síntese do colágeno tipo II, devolvendo a mobilidade e o conforto ao paciente, promovendo melhora da qualidade de vida.
  1. Desativa a resposta imune contra o colágeno tipo II.
Na osteoartrite o organismo passa a não “reconhecer” o colágeno (proteína) presente nas articulações. O sistema imune ataca o colágeno e o destrói.
  1. Torna o organismo tolerante ao colágeno tipo II presente nas cartilagens.
O UC-II® ingerido oralmente, ao passar pelo sistema digestivo é reconhecido pelo organismo e isso
dessensibiliza o sistema imune e causa uma tolerância oral.
  • Difosfato de cloroquina e hidroxicloroquina
No Brasil são amplamente utilizadas por vários reumatologistas, apesar de poucos estudos terem sido realizados com objetivo de avaliar a efetividade. A utilização da cloroquina no tratamento da osteoartrite é fundamentada com base nos mecanismos de ação da droga, pela capacidade de inibição da interleucina-1 e das enzimas lisossomais, tento sua principal indicação a OA erosiva de mãos e na osteoartrite primária com comprometimento de múltiplas articulações com efeito sintomático na dor. Não podemos esquecer dos efeitos adversos oculares (maculopatia) e a ototoxicidade.
Demais medicamentos utilizados no tratamento da osteoartrite
  • Harpagophytum procumbens “garra do diabo”
Extrato seco de uma planta originária do deserto de Kalaari e estepes da Namíbia, no sudoeste da África, tem atividade anti-inflamatória, por inibição de leucotrienos e da lipoxigenase. Em revisão sistemática de ensaios clínicos randomizados ou quase randomizados foi observada uma evidência moderada com relação à dor em pacientes com osteoartrite de joelhos. Em ensaio clínico randomizado comparada com diacereína o efeito foi similar com relação a dor, avaliação global pelo paciente e índice de Lequesne. Efeitos adversos: diarreia, dores abdominais, vômitos e cefaleia. Dose diária recomendada: 400 mg/três vezes por dia.
  • Extrato insaponificado de abacate e soja (Piascledine®)
O extrato insaponificado de abacate e soja, além de inibir a metaloproteinases 3-13 e prostaglandinas E-2, promove o reparo da cartilagem atuando nos osteoblastos subcondrais, um mecanismo novo que pode explicar o efeito analgésico do medicamento observado na revisão sistemática que incluiu quatro ensaios clínicos randomizados (três usaram 300 mg/dia e um utilizou 600 mg/dia) no entanto, o único estudo de longa duração (dois anos) não conseguiu demonstrar nenhum efeito estrutural do medicamento, mas em posterior análise do subgrupo com comprometimento mais grave foi demonstrada uma redução na progressão da diminuição do espaço articular.
Injeções intra-articulares
  • Infiltrações de corticosteroides
Pode ser considerada uma opção terapêutica quando pacientes não estão respondendo adequadamente ao uso de analgésicos e AINH e, principalmente, quando apresentam inflamação articular, o efeito sintomático é rápido e a duração em torno de quatro semanas. Dúvidas existem com relação à frequência e ao efeito deletério na articulação em infiltrações repetidas. Possíveis efeitos adversos são: sinovite por cristais, hemartrose, infecção e atrofia da cartilagem.
  • Infiltrações de ácido hialurônico (Suprhyal®, Synvisc®, Polireumin®)
Fortes evidências sugerem que infiltrações de ácido hialurônico são efetivas no tratamento da osteoartrite de joelhos. Também existem algumas evidências da efetividade para articulações de ombros, quadris, tornozelos e sacroilíacas. O ácido hialurônico é um polissacarídeo que é um dos componentes do líquido sinovial da cartilagem. São recomendadas de três a cinco infiltrações com intervalo semanal entre elas. No Brasil são comercializados tanto os de baixo peso quanto os de alto peso molecular, mas não existem estudos que demonstrem que um seja mais efetivo que o outro. Controvérsias existem com relação à possibilidade de efeito conrotetor in vivo.
CONCLUSÃO 
O tratamento da osteoartrite atual é composto de medidas farmacológicas e não farmacológicas, tendo como objetivos: redução da dor, manter a função, melhorar a qualidade de vida, prevenir ou retardar a progressão para o dano estrutural articular e retardar ou evitar a artroplastia.
Analisando tecnicamente os tratamentos farmacológicos, conclui-se que a eficácia de todos eles são semelhantes, nenhum deles tem a capacidade de cura. Todos eles reduzem a dor, melhoram a capacidade de movimento, sendo que alguns, chamados de drogas conrotetoras ainda tem a vantagem de inibir progressão da degradação da cartilagem e estimular a formação de uma nova cartilagem. E além disto tem menos efeitos adversos, não sobrecarregam o fígado e os rins,  podem e devem ser usados por tempo prolongado.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Escoliose: causas, sintomas e tratamento


A escoliose, deformação morfológica da coluna vertebral, pode ser de vários tipos, embora as mais frequentes sejam:
– Escoliose congênita: é a de nascença que surge como o resultado de uma má formação de parte da coluna vertebral durante o seu período de desenvolvimento. Ocorre em 10% dos casos;
– Escoliose neuromuscular: ocorre por fraqueza muscular ou controle precário dos músculos. A coluna vertebral assume uma longa curva em forma de C, principalmente em crianças, pois não são capazes de suportar o próprio corpo em virtude do tronco muito fraco;
– Escoliose Idiopática: neste caso, não se sabe o porquê de o paciente desenvolver aquela escoliose. Muitas causas já foram apontadas, como a hereditária, mas nenhuma fora avaliada como conclusiva. A escoliose idiopática assume cerca de 80% casos.
A Escoliose Idiopática é, normalmente, dividida em quatro grupos:
– Infantil: Do nascimento até os 3 anos de idade;
– Juvenil: Dos 3 aos 9 anos de idade;
– Adolescente: Dos 10 aos 18 anos de idade;
– Adulto: Após os 18 anos de idade.
No caso de crianças e adolescentes os sintomas não são visíveis e a escoliose só é percebida quando a curva progride significativamente. Entretanto, determinados sinais podem identificar a patologia:
– Cintura com aparência desigual;
– Corpo com inclinação maior para um lado;
– Ombros e quadris assimétricos;
– Eventual desconforto muscular;
– Perna que parece menor do que a outra.

Tratamento com Fisioterapia

Quando não tratada corretamente, a Escoliose pode acarretar danos irreparáveis. Daí a importância de um diagnóstico preciso, uma vez que o tratamento eficaz depende de uma série de fatores, como causa, tamanho e localização da curva, idade do paciente e grau de evolução da deformidade.
Através de procedimentos fisioterapêuticos é possível trabalhar “famílias de posturas”, realizando processos respiratórios, desenvolvimento de consciência corporal e de equilíbrio; alinhamento corporal e equilíbrio de tensões musculares com reposicionamento de vértebras através das manobras.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Osteoporose

Osteoporose
Sonia Hirsch *
A velhice nos espera, e isto pretende ser uma boa notícia. Significa que já não morremos como se morria antigamente - de parto, gripe, dor de dente ou infecções bobas, hemorragias, tumores inextirpáveis e males afins.
Estamos vivendo mais tempo, e isto tem prós e contras. Se por um lado é a promessa de que vamos ter tempo para ler todos aqueles livros e conhecer nossos bisnetos, ou algo assim, por outro lado teremos de conviver com várias questões que só aparecem depois de certa idade. Mazelas, achaques, coisas da terceira idade.
Por exemplo, a OSTEOPOROSE.
Fantasma predileto de quem defende a reposição de hormônios na menopausa, a osteoporose tem sido enquadrada como doença - mas não é. Faz parte do envelhecimento.
É uma condição, um estado dos ossos, que com a idade avançada vai descalcificando e se tornando porosos, frágeis e quebradiços, especialmente na coluna vertebral, costelas e bacia.
Afeta 25% das mulheres ocidentais com mais de 60 anos e apenas 8% dos homens.
Nosso esqueleto está sempre sendo remodelado pela perda de 300 a 700 mg de cálcio/dia.
Repor esse cálcio através da alimentação ou de suplementos é fácil, fazer os ossos assimilarem é que são elas. A assimilação depende de vários fatores, entre eles sol, vitamina D, exercícios, fósforo, magnésio e estrogênio.
Por isso a situação da mulher cuja massa óssea já não é muito densa pode se tornar problemática após a menopausa, já que haverá muito menos estrogênio em circulação. Mas atribuir a osteoporose exclusivamente à falta de estrogênio é muito simplismo. Estudo recente envolvendo uma série de amostras de densidade óssea de mulheres de 20 a 88 anos mostrou que 50% da massa óssea são perdidos antes da menopausa.
E por que se perde cálcio?
Por miríades de razões da vidinha cotidiana: ansiedade, depressão, estresse, falta de exercício, diarréia, disfunção na tireóide, excessos de proteína, gordura, sal, açúcar, fibras suplementares e ácido oxálico na comida, deficiência de ácido hidroclorídrico, ingestão habitual de álcool e cafeína, uso de antiácidos, tetraciclina, heparina, laxativos, diuréticos, anticonvulsivantes, aspirina e cortisona.
O consumo de refrigerantes, carnes conservadas, queijos fortes, molhos industrializados, pães e massas de farinha branca também atrapalha, já que nos faz absorver muito fósforo, mineral que inibe a absorção do cálcio se estiver em maior proporção.
A lactose (açúcar lácteo) tem um papel decisivo na assimilação do cálcio do leite. Pessoas alérgicas ou cujo organismo não digere a lactose aproveitarão pouco cálcio, ainda que seu consumo de leite e laticínios seja elevado.
Na osteoporose, tudo depende de duas coisas: a densidade óssea inicial e a velocidade com que se vai perdendo o cálcio.
Ambas podem ser modificadas pelo estilo de vida. Na verdade, uma mulher com alto risco de osteoporose faria bem em adotar uma alimentação mais vegetariana: perderia muito menos cálcio. 
É o caso das mulheres orientais, cuja taxa de osteoporose é baixíssima apesar do pequeno consumo de cálcio. Mas quando passam a comer uma dieta americanizada, muito rica em proteína, animal sua eliminação de cálcio pela urina aumenta. E isso não tem nada a ver com redução de estrogênio.
Ébano & marfim
Mulheres negras têm uma densidade óssea inicial 25 a 30% maior que as brancas, ou seja, não precisam se preocupar tanto.
A candidata mais forte à osteoporose é a mulher branca que tem ossos pequenos, fuma, bebe álcool ou descende de europeus do norte, especialmente se alguma mulher da família teve osteoporose.
Se você quer saber a quantas andam seus ossinhos, procure fazer uma densitometria óssea. Isso se vê através de uma radiografia simples e com dose de radiação mais baixa que uma radiografia dentária.
Nos Estados Unidos qualquer dentista presta este serviço à sua saúde; aqui, por enquanto, você ainda tem que ir atrás de clínicas ortopédicas e serviços especiais.
Alô, amigas dentistas, há possibilidade de dar atenção a isso?

O MAPA DA MINA

Mexa-se
Atividade física é a chave para conservar a densidade óssea. Pessoas de 50, 60 e 70 anos que se exercitam têm 30% mais densidade óssea que as sedentárias. Se você não usa, os ossos se atrofiam. Mas devem ser exercícios que estimulem o alongamento dos músculos, como caminhar, correr, dançar, andar de bicicleta.
Nadar não conta, porque a água não oferece resistência que os músculos e ossos precisam enfrentar.
Tome sol para garantir a vitamina D
Ela é sintetizada na pele quando tomamos sol e possibilita a absorção de cálcio nos intestinos. Meia hora de exposição por dia, com o mínimo de roupa ou sem ela, é suficiente para as pessoas de pele clarinha; as mais morenas precisam duas ou três vezes mais tempo.
Para quem não é vegetariano, gema de ovo e fígado de galinha são boas fontes de vitamina D. Cuidado com os suplementos, que podem ser tóxicos, especialmente acima de 25 mg por dia. Muito melhor tomar sol neste vastíssimo país tropical...
Cuide de suas glândulas
Tireóide, adrenais, ovários e pâncreas funcionando bem: este equilíbrio é essencial para o seu balanço de cálcio.
Não fume
Entre mulheres de condições semelhantes, as que fumam têm menos densidade óssea que as não fumantes.
Como a ansiedade está ligada a um gasto maior de cálcio, e também ao hábito de fumar, pode ser que você mate três coelhos de uma cajadada só - livrando-se da ansiedade, do cigarro e da osteoporose.
Cuidado com o excesso de proteína
A dieta muito protéica aumenta a perda de cálcio pela urina, especialmente se for proteína de origem animal, que desencadeia maior volume de ácidos para ser digerida, cujo efeito colateral é retirar cálcio dos ossos.
No interior do Japão, velhinhas que nunca consumiram mais de 300 mg diários de cálcio têm muito menos osteoporose que as norte-americanas, que consomem 800 mg de cálcio por dia.
Mas as japonesas comem apenas 30 g de proteína por dia, enquanto as americanas comem 80 g ou mais.
Varie as fontes de cálcio
Não precisa depender do leite: agrião, folhas de batata-doce, caruru/bredo, melado, espinafre, folhas de nabo, couve-chinesa, todos eles são boas fontes de cálcio se você comer em porções generosas.
Se quiser garantir mais ainda a presença de cálcio na comida, use o pó da casca de ovo - seque ao sol, ou torre no forno; bata no liquidificador ou moa no pilão até obter um pó fininho; guarde num vidro. Use uma colherinha de café por dia, na sopa, no feijão ou no mingau, deixando antes de molho num pouquinho de vinagre ou limão para desmanchar a estrutura microscópica que prende o cálcio. A casca de 1 ovo contém 2.400 mg de cálcio, um copo de leite 290 mg, uma xícara de agrião cozido 300 mg.
Evite refrigerantes
O nível de fósforo no organismo tem que ser um pouco menor que o de cálcio para haver uma boa absorção.
Os refrigerantes usam muito fósforo em suas fórmulas - em cada copo de coca-cola há 116 mg - e uma pessoa que toma refrigerantes regularmente acaba se expondo aos riscos de perda óssea e hiperparatireoidismo.
Controle sal, açúcar e fibras
O alto consumo de sal faz perder cálcio via urina, o consumo de açúcar também - só que, no caso do açúcar, a ação é indireta: ele provoca a eliminação de cobre, que faz falta para a mineralização dos ossos.
Farelo de trigo ou biscoitos de fibras podem impedir a absorção de cálcio, principalmente se a pessoa consumir basicamente farinhas e grãos refinados, como farinha de trigo branca, pão branco, macarrão branco, arroz branco.
A pessoa que usa grãos integrais não tem esse problema, a não ser que coma um excesso de fibras adicionais.
Olho nos minerais e na vitamina C
A ingestão adequada de cálcio, fósforo, magnésio, manganês, zinco e cobre pode ser decisiva para a sua saúde óssea; se for o caso, peça à sua médica a indicação de suplementos.
O magnésio ativa a vitamina D e permite que o cálcio forme cristais nos ossos. Tem sido usado em doses de 500 mg diários.
O boro reduz a excreção de cálcio e magnésio pela urina e tem uma ação positiva sobre o estradiol-17-beta, que é a forma de estrogênio mais ativa no sangue. Para obtê-lo você pode aumentar o consumo de alguns alimentos ricos em boro: brotos de alfafa, repolho, alface, ervilhas, subprodutos fermentados da soja, maçã, tâmara, ameixa preta, uva-passa, amêndoas, amendoins.
A vitamina C é fundamental para a síntese do colágeno, tecido conjuntivo dos ossos. Tem sido usada a dosagem de 2 g diários.
Suplementos de cálcio? Não confie. Porque eles podem simplesmente não funcionar. O sistema mais sofisticado do organismo é o que cuida da absorção de cálcio. Ele modula a secreção de hormônios, secreção de muco, utilização de nutrientes, eliminação de resíduo celular, contração muscular, secreção ácida do estômago, resposta inflamatória, cura de lesões. A quantidade necessária a cada momento depende de um conjunto de circunstâncias. Se você tomar suplementos de cálcio nas refeições corre o risco de não aproveitar o cálcio e ainda inibir a absorção de ferro, manganês e zinco, elementos-traço essenciais à saúde.
O Dr. Jeffrey Bland diz que os suplementos dão uma falsa sensação de segurança às pessoas - elas acham que é uma resposta fácil para a dificílima questão de como conduzir a vida. "Sou contra essa mentalidade band-aid", resmunga.

(*) Capítulo Osteoporose do livro Só Para Mulheres - Sonia Hirsch - Editora Correcotia
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