terça-feira, 8 de abril de 2014

Raiva - resultado de desejos e expectativas frustrados




Rancor e mágoa causados pelo sentimento podem gerar doenças graves como a depressão
O sangue ferve, a respiração fica ofegante, a cara fica sisuda, o seu dia parece que acabou naquele exato momento. A cena descrita é um efeito presente em situações do nosso dia a dia: o que você sente é raiva. O problema é que quando não é trabalhada psicologicamente, a raiva gera rancor, mágoa e até dor física, que podem levar a doenças como depressão e estresse, além de prejudicar os relacionamentos.

Guardar para si esta sensação ruim só potencializa a angústia, por isso os especialistas aconselham ponderação e maturidade na hora de lidar com ela. "Estamos suscetíveis a senti-la já que estabelecemos relações afetivas com o outro, porém, devemos aceitar que ele não é o culpado pelo o que sentimos. Sentimos raiva por que não temos nossas expectativas concretizadas e daí vem a mágoa. Só que o outro não tem que, necessariamente corresponder as nossas expectativas, mesmo quando a causa é a injustiça ou a humilhação. Não somos iguais". 

Uma pitada necessária, mas perigosa
A raiva é um sentimento fundamental para as relações humanas. "Ela faz você reagir ao que te faz mal, faz você querer mudar", explica ele. "Porém, quando em dose excessiva, causa mágoa e rancor e provoca muito mais mal para quem a sente do que para quem a despertou", continua. "Se a pessoa não sabe lidar com a frustração, pode desenvolver quadros de depressão e estresse graves, que só serão curados quando o paciente aceitar que a realidade nem sempre corresponde ao esperado”. 
"Sentimos raiva por que não temos nossas expectativas concretizadas".

O mundo não gira ao seu redor
Faz parte de saber lidar com a raiva entender que caminhamos sozinhos e que devemos correr atrás das coisas que queremos sem esperar delas nada em troca. Quando crianças, somos levados a acreditar que somos o centro das atenções e nos acostumamos com mimos e manhas e, quando crescemos, é difícil perceber que isso mudou e que as pessoas não vão fazer tudo o que queremos. "Quando não espero do outro aquilo que posso fazer por mim mesmo, não há frustração. A raiva é irmã mais velha do fracasso. Se valorizo demais esse sentimento, é por que deposito sempre no outro aquilo que é minha obrigação", explica o psicólogo. 

O culpado sou eu?
A raiva é sempre causada pelas expectativas que depositamos no outro e não por culpa de alguém. Por isso, antes de culpar o outro pela raiva que sentiu, lembre-se de que você depositou sobre ele expectativas e desejos que são seus. "Mesmo quando esbarramos na mesinha da sala ao tentar chegar à cozinha, e sentimos raiva por isso, a causa do problema é a frustração de termos sido impedidos de fazer algo. A raiva é sempre fruto de um desejo que não se cumpre".  
"A raiva faz você reagir ao que te faz mal, faz você querer mudar”.

Pronto, falei!
Guardar para si o sentimento é sempre pior. A raiva guardada vai se armazenando e tomando dimensões maiores. Na hora do desabafo, muitas vezes, aparecem mágoas do passado que estavam adormecidas e geram ainda mais confusão. "Por isso, resolva o problema conversando com o outro e tenha sempre em mente que ele não tem a obrigação de corresponder as suas expectativas". 
"A raiva é irmã mais velha do fracasso. Se valorizo demais esse sentimento, é por que deposito sempre no outro aquilo que é minha obrigação".

Espere a poeira baixar
Na hora da raiva, a sensação de angústia e mal-estar sempre supera a racionalidade, agimos por impulso, e depois nos arrependemos. Para evitar essa situação, o psicólogo aconselha paciência e ponderação: "Espere a poeira baixar. Depois de certo tempo, digerimos melhor as coisas e não magoamos quem não tem culpa e, muitas vezes, evitamos que o problema se torne ainda maior por simples falta de jeito de lidar com a situação". 
Dicas para não deixar que a raiva tome conta de você:
1. Não crie muitas expectativas em relação ao comportamento dos outros;
2. Aceite o fato de que você não é o centro de tudo;
3. Alivie a tensão com diálogo e métodos alternativos: exercícios físicos e meditação podem ser boas opções;
"A raiva é como uma toxina, e precisa ser liberada para não se converter em coisas ruins"
4. Procure reverter a raiva em estímulo, assim, você canaliza sua força para fazer coisas boas. 



Fonte: http://www.minhavida.com.br/bem-estar/materias
Chris Almeida - Psicólogo

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