Parece piada, mas há quem afirme que
dar boas gargalhadas diante de situações que causam dor, como quebrar uma
perna, pode amenizar o desconforto. De certa forma, faz sentido: a cada sorriso
o cérebro é induzido a produzir e liberar mais endorfina, o neurotransmissor
relacionado às sensações de prazer e bem-estar, além de ser um potente
analgésico natural.
Mas para os especialistas, não é apenas com um sorriso que a dor intensa
vai passar. “Ainda há poucas pesquisas nesse sentido, mas já é comprovado que o
sorriso causa uma ação bioquímica no organismo que resulta em reações
benéficas, mas não a ponto de cessar a dor intensa”, acredita Sérgio Luís de
Miranda, médico e cirurgião especialista em cirurgia buco-maxilo-facial do Hospital
Israelita Albert Einstein (HIAE). “Dizem até que o sorriso é tão eficiente
quanto o relaxamento, a meditação e os exercícios físicos”, completa o dr.
Miranda.
Sorrir pode até não ser o melhor – ou
único – remédio, mas que faz bem à saúde os especialistas concordam. Pesquisa
divulgada em 2006 pela Escola de Medicina da Universidade Loma Linda, na
Califórnia (EUA), comprova que o riso colabora para aumentar a produção e a
atividade no organismo das células NK (do inglês, natural killers),
responsáveis por destruir vírus e até tumores presentes no organismo. E mais: o
sorriso vem sendo utilizado como recurso de humanização no cuidado de pacientes
em hospitais do mundo todo.
O filme Patch Adams – O Amor é
Contagioso, de 1998, em que um médico se veste de palhaço para atender
crianças internadas, trouxe o tema para as telas e a realidade americana já é
vivida por grupos de atores que, vestidos de palhaços, visitam hospitais para
aumentar a auto-estima e alegrar os pacientes, familiares e profissionais da saúde.
Para Ana Lúcia M. da Silva, psicóloga
do Departamento de Pacientes Graves do HIAE, o riso pode ser um recurso
terapêutico na medida em que altera o estado emocional da pessoa, tornando-a
mais favorável a enfrentar situações psicologicamente difíceis, como uma doença
grave na família.
“O senso de humor e o sorriso
espontâneo estão relacionados a melhor qualidade de vida e percepção de
bem-estar, além de favorecer o enfrentamento de adversidades e frustrações.
Entretanto, não podemos relacionar a isso maior possibilidade de cura não
relacionada a fatores comportamentais, como a adesão ao tratamento, por
exemplo”, defende a psicóloga.
Benefícios extras para o corpo
Além de garantir boas doses de
endorfina e proporcionar bem-estar, uma boa risada ainda traz vantagens para os
sistemas cardiovascular, respiratório e imunológico.
O senso de
humor e o sorriso espontâneo estão relacionados a melhor qualidade de vida e
percepção de bem-estar
Sistema cardiovascular
É ativado com o sorriso, o que
aumenta a frequência cardíaca e a pressão arterial, além de provocar a
vasodilatação das artérias. Esse conjunto de reações proporciona maior fluxo de
sangue para todo o organismo.
Sistema respiratório
Durante a risada os pulmões passam
por uma hiperventilação, o que eleva a concentração de oxigênio na circulação
sanguínea e resulta em melhor distribuição de oxigênio aos tecidos.
Sistema imunológico
Além de colaborar para a produção das
células NK, as boas gargalhadas aumentam a quantidade de saliva, que também é
benéfica para a imunidade. “Com o acréscimo da saliva, sobe o nível de
imunoglobulina, substância capaz de combater gripes e resfriados”, explica Ana
Paula Zalchenko Fonseca, cirurgiã-dentista especialista em cirurgia
buco-maxilo-facial do HIAE.
Depois de tantos benefícios, o que
vale mesmo é uma risada sincera e natural. Esta sim desencadeia os mecanismos
do corpo para a produção de endorfina e a sensação de prazer e bem-estar.
Então, sorria! Seu corpo e sua mente agradecem.
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