sexta-feira, 27 de julho de 2012

A vida começa depois dos 60



A prática de Yoga é uma grande aliada dos idosos

De acordo com dados do IBGE, cerca de 15 milhões de pessoas, 8,6% da população brasileira, é constituída por pessoas com 60 anos ou mais. A previsão é de que nos próximos 20 anos, a população idosa ultrapasse os 30 milhões de indivíduos. Por isso, nessa faixa etária é importante praticar atividades que aliem benefícios físicos e mentais. Os especialistas recomendam o Yoga por ser um exercício de baixo impacto e pelos seus efeitos na saúde do idoso como diminuição da ansiedade e do estresse, aumento da flexibilidade, coordenação motora, melhora da memória, entre outros.

Adriana Vieira é instrutora de Yoga de Santos (SP) e dá aulas para idosos. Ela conta que seus alunos chegam a aumentar a estatura em dois ou três centímetros. “Isso não significa que o Yoga faz as pessoas crescerem. Com o passar do tempo, sofremos um arqueamento na coluna, um achatamento das vértebras. A prática de alongamentos possibilita uma melhora na postura, o que dá a impressão de que aumentamos de estatura”, diz Márcia Oka, geriatra do Hospital Santa Catarina, em São Paulo.

Sem medicação

“Os exercícios respiratórios têm grande impacto sobre o cérebro. Ao praticá-los é possível diminuir a necessidade de determinados medicamentos, como calmantes e ansiolíticos (que controlam a ansiedade)”, afirma Norton Sayeg, membro da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia. A realização de uma respiração mais consciente, assim como a prática de meditação ajuda a alcançar maior relaxamento, tanto corporal como emocional, diminuindo a ansiedade e o estresse.

Maria Cecília Fernandes, 60 anos, afirma que depois que começou a praticar regularmente diminuiu a dosagem de seu remédio para a hipertensão. “O Yoga trouxe paz para o dia a dia, além de calma e vitalidade”. A prática ajuda a pressão arterial se diminuir, pois também está relacionada fatores emocionais. Quando uma pessoa está muito nervosa há uma descarga de adrenalina no corpo responsável pelo aumento da pressão arterial. Sem ansiedade não há descarga de adrenalina, nem aumento de pressão.

Prática

Começar uma atividade nova nunca é fácil. Porém, quem nunca praticou atividade física não precisa se preocupar. O ritmo de uma aula dedicada à terceira idade é bem diferente. “Trata-se de uma prática que promove a manutenção da saúde e o encontro social”, diz Paola di Roberto, que é professora de Yoga para a terceira idade desde 1991, do Shivapoint, em São Paulo.

A professora dedica atenção individual aos seus alunos, adaptando todos os asanas às limitações físicas que apresentam. “Para que possamos realizar as invertidas na parede durante a aula, por exemplo, ajudo um por um, até que todos consigam”, diz Adriana.

Paola afirma que faz um aquecimento no início da prática, para que ninguém comece a realizar as posturas com o corpo frio. No inverno, por exemplo, opta por uma série mais dinâmica, muitas vezes envolvendo caminhada. Ela pede para que os alunos andem pela sala, na direção que desejarem, trabalhando, ao mesmo tempo, exercícios de coordenação motora. “Peço que, ao andar para frente, encostem a mão direita na perna esquerda, e vice-versa. Ao andam para trás, tocar com a mão direita o calcanhar direito e a esquerda o calcanhar esquerdo”.

Normalmente, os asanas são feitos com a ajuda de cadeiras ou com o auxílio da parede. “Meus alunos não gostam muito de usar props (acessórios), dizem que não precisam de muletas para realizar os exercícios”, diz Adriana. Vrkasana (postura da árvore), por exemplo, é feita com as costas apoiadas na parede. Posturas em que se deve abaixar o tronco, como em parvrtta trikonasana (postura do triângulo invertido), são feitas sentadas nas cadeiras para evitar possíveis tonturas.

Para surtir efeito, a prática deve ser realizada no mínimo duas vezes por semana, durante 1h30. “Mas são necessário três meses para começar a ver os resultados”, afirma Adriana.

Adeus à solidão

Antes de tudo, a aula de Yoga é um encontro social. Muitas vezes, os idosos se sentem sozinhos, abandonados, esquecidos pela família. Eles tendem a se isolar, principalmente se têm alguma limitação. “Uma pessoa esquecida, por exemplo, começa a evitar encontros com os amigos, com medo de falar besteira”, diz a geriatra. O Yoga ensina a estar feliz no momento presente, concentrado na atividade que realiza, sozinho ou rodeado de amigos.

Fonte: Por Thaís Harari

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