Males Silenciosos

Conheças as principais doenças que não apresentam sintomas

Você é diabético, mas só descobriu a doença quando a enfermidade já estava avançada e porque não havia sintomas? Ou então, chegou ao hospital e viu que sua pressão arterial estava altíssima? Saiba que esses casos podem realmente acontecer, já que algumas doenças são assintomáticas, ou seja , não apresentam sintomas. Porém, quando esses males são descobertos podem estar em estágio avançado, com consequências terríveis para à saúde. Descubra quais são as doenças assintomáticas mais comuns em pessoas acima de 50 anos.

Segundo o clínico geral e médico internista do Hospital Universitário Pedro Ernesto (Hupe/Uerj) Aloysio Fonseca, algumas dessas doenças são descobertas somente através de exames médicos. "Algumas só com exame físico, como aferição da pressão arterial, ou então apalpando algum caroço, como no caso do câncer de mama. Já outras, somente com exames complementares, como a dosagem da glicose, no caso do diabetes, dosagem da creatinina, no caso da insuficiência renal. Ou ainda exames clínicos para ver se as artérias não estão endurecidas, no caso da aterosclerose."

Por isso, é importante que as pessoas não deixem de consultar um médico a fim de evitarem surpresas desagradáveis. "As pessoas devem ter um acompanhamento médico, com um clínico geral, anualmente, caso a pessoa não sinta nada e não tenha alguma doença. Além disso, devem visitar um ginecologista, no caso das mulheres, e um urologista, no caso dos homens." – explica o clínico geral que também é professor da Faculdade de Ciência Médica da UERJ.

Confira a seguir uma lista com as principais doenças assintomáticas mais comuns entre as pessoas acima de 50 anos:

Diabetes

Segundo o cardiologista e chefe do Setor de Cardiologia do Hupe Denílson Albuquerque, o diabetes é uma disfunção do pâncreas, órgão responsável por regular o metabolismo da glicose. De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), estima-se que 346 milhões de pessoas possuam diabetes no mundo e que o número de mortes duplicará até 2030.

A doença possui alguns fatores de risco como a hereditariedade, além de fatores ambientais, que fazem com que a prevalência da enfermidade aumente. Entre eles estão a obesidade e o estresse, que pode desregular hormônios como adrenalina, cujo excesso leva à interferência no metabolismo dos glicídios. Por isso, é importante preveni-la com atividade física e mudanças nos hábitos alimentares. "As pessoas devem tomar conhecimento dos fatores de risco e são recomendados exercícios físicos alternados de três a cinco vezes por semana, durante 45 minutos. Além disso, deve-se mudar os hábitos alimentares."

O clínico geral e professor da Faculdade de Ciência Médica da UERJ Aloysio Fonseca explica que algumas pessoas descobrem o diabetes quando a glicose já está alta ou quando aparecem as complicações. "Se não tratada no início, ela pode ter consequências como cegueira, insuficiência renal, derrame, infarto e até amputação de membros."

Hipertensão arterial

Também conhecida como pressão alta, a hipertensão arterial acomete mais o sexo masculino que o feminino a partir dos 40 anos e mulheres na menopausa.  "Mulheres até a menopausa estão protegidas contra doenças cardiovasculares, depois o risco se iguala ao do homem." – explica o diretor de Promoção da Saúde Cardiovascular da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) Dr. Carlos Alberto Machado.

Segundo Albuquerque, 85% das hipertensões primárias não têm causa conhecida, mas 15% delas podem ser por algum fator, como distúrbio das glândulas suprarenais e obstrução das artérias dos rins.

Os fatores como obesidade e estresse aumentam a hipertensão, pois leva à liberação de adrenalina. Segundo o especialista da SBC, entre as causas da doença também estão o tabagismo e o consumo exagerado de bebidas alcoólicas.

A prevenção da hipertensão é feita, de acordo com Albuquerque, através de atividade física e mudanças nos hábitos alimentares. Além disso, é recomendado usar sal sem excessos na dieta alimentar e evitar os industrializados, pois possuem uma alta quantidade de sódio.

Aterosclerose

É o entupimento de qualquer artéria do corpo humano. Entre as causas estão: genética, hipertensão arterial, diabetes, distúrbios metabólicos das gorduras do sangue, como colesterol, estresse, obesidade e o tabagismo. Segundo Albuquerque, as pessoas devem controlar o colesterol. Há estudos que mostram que os fármacos podem estacionar ou até reduzir o grau de entupimento das placas de gordura.

Inúmeros cânceres, como mama, próstata e colo do útero

Câncer de mama

Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca), o câncer de mama é o segundo tipo mais comum no mundo e entre mulheres, correspondendo a 22% de novos casos por ano. Para prevenir a doença, as pessoas devem evitar a obesidade, através de dieta equilibrada e praticar regularmente exercícios físicos. A ingestão de álcool, mesmo em quantidade moderada, também não é recomendada. Segundo o Inca, podem estar mais predispostas à doença, mulheres que usaram contraceptivos orais de dosagens elevadas de estrogênio e fizeram uso por um longo tempo. Aquelas que usaram anticoncepcional em idade precoce, antes da primeira gravidez, também estão incluídas. Mulheres com história familiar de câncer de mama, especialmente se uma ou mais parentes de primeiro grau (mãe ou irmãs) foram acometidas antes dos 50 anos, apresentam maior risco de desenvolver a doença.

Esse grupo deve ser acompanhado por médico a partir dos 35 anos, que vai indicar quais exames a paciente deve fazer. Primeira menstruação precoce, menopausa tardia (após os 50 anos), primeira gravidez após os 30 anos e não ter tido filhos também constituem fatores de risco. As formas mais eficazes para a detecção precoce do câncer de mama são o exame clínico das mamas (EMC) e a mamografia.

Câncer de colo do útero

Dados do Inca mostram que o câncer de colo do útero, também chamado de cervical, é o segundo tumor mais frequente em mulheres, atrás apenas do câncer de mama. A principal causa dessa doença é a infecção pelo papilomavírus humano (HPV). O preventivo do câncer do colo do útero (Papanicolaou) é o principal exame para detectar lesões precursoras e fazer o diagnóstico da doença. Toda mulher que tem ou já teve vida sexual deve fazer o exame. Inicialmente, ele deve ser feito anualmente. Após dois exames seguidos, com um intervalo de um ano e resultado normal, o Papanicolaou passa a ser feito a cada três anos. Está em estudo no Ministério da Saúde o uso de vacina contra o HPV pelo Sistema Único de Saúde (SUS). As duas vacinas aprovadas para serem comercializadas no Brasil protegem somente contra dois ou quatro subtipos do vírus.

Câncer de próstata

O câncer de próstata, de acordo com o Inca, é o segundo mais comum entre os homens no Brasil e o sexto no mundo. A estimativa de novos casos este ano no país é de 60.180. Segundo a Instituição, uma dieta rica em frutas, verduras, legumes, grãos e cereais integrais, e com menos gordura, principalmente as de origem animal, ajuda a diminuir o risco dessa doença. Outros hábitos saudáveis também são recomendados, como atividade física diária, manter o peso adequado à altura, diminuir o consumo de álcool e não fumar.  A idade é um fator de risco, já que tanto a incidência, como a mortalidade, aumentam significativamente após os 50 anos. O risco aumenta também para quem tem pai ou irmão que tiveram o mal antes dos 60 anos.

Por Danielle Pingitore