Dor no tornozelo é comum em pessoas que treinam pesado (Foto: Getty Images)
Trata-se de uma lesão de sobrecarga ou por esforço repetitivo dos atletas, gerando muita dor, inflamação e deformidades ósseas em casos crônicas
A tendinopatia é uma lesão de sobrecarga ou por esforço repetitivo, que afeta um ou mais tendões, gerando muita dor, inflamação e até deformidades ósseas quando crônicas. Os tendões são estruturas anatômicas que unem os músculos aos ossos, dando movimento aos mesmos. Portanto, em todo corpo, onde há tendão, pode haver tendinite. No pé e tornozelo não é diferente.
Esse é um problema comum entre pessoas que treinam duro, com sobrecarga dos esforços ou são atletas que aumentam a intensidade ou mudaram o treinamento. Os sintomas incluem dor ao mobilizar o pé e tornozelo, principalmente ao longo do curso do tendão. Pode haver formigamento, pontada ou fisgada devido à inflamação do nervo que o rodeia.
A tendinopatia pode ser descrita como um espectro de diagnósticos, envolvendo lesões nessas estruturas anatômicas, como: tendinite, peritendinite e tendinose. O termo tendinite, por exemplo, é usado para processos inflamatórios agudos envolvendo a bainha tendínea (membrana que envolve o tendão), enquanto que tendinopatia é o termo mais adequado para descrever quadros de dor crônica nos tendões, acompanhada dos sinais e sintomas já descritos anteriormente.
CAUSAS
A tendinopatia é causada por "overuse" (sobrecarga) e é mais provável de ocorrer quando o modo, a intensidade ou a duração da atividade física mudam ou intensificam de alguma forma diferente da habitual.
Inicialmente, há irritação do revestimento externo do tendão. Isso é chamado peri ou paratendinite. Em seguida pode acontecer a sua degeneração, tornando-o mais espesso. O tendão fica mais fraco e perde a sua força (tendinose), o que pode levar a uma ruptura completa ou parcial.
Inicialmente, há irritação do revestimento externo do tendão. Isso é chamado peri ou paratendinite. Em seguida pode acontecer a sua degeneração, tornando-o mais espesso. O tendão fica mais fraco e perde a sua força (tendinose), o que pode levar a uma ruptura completa ou parcial.
É importante considerar e tratar as causas extrínsecas e intrínsecas da lesão nos tendões. Os fatores extrínsecos incluem o uso excessivo do tendão, erros frequentes de treinamento, tabagismo, abuso de medicação e uso de sapatos ou outros equipamentos não adequados para a atividade específica. Fatores intrínsecos são: flexibilidade e resistência do tendão, idade do paciente, alterações anatômicas e suprimento vascular.
COMO EVITAR
Tipos anormais de pé (como o pé plano e cavo) e alterações no ciclo de marcha aumentam o risco de gerar uma tendinopatia. Apenas uma pisada errada, encurtamentos e outras pequenas alterações que já desequilibram a musculatura podem gerar o processo degenerativo, por isso, para evitar a lesão, é necessário adquirir um tênis adequado, não exagerar nos treinamenos, fazer uma avaliação ortopédica para ver a pisada e analisar se existe alguma irregularidade na mecânica.
Também é importante ter um período de recuperação para satisfazer as exigências crescentes sobre os tecidos; quando o descanso é inadequado, ocorre a não recuperação celular e, consequentemente, a inflamação. Portanto, a inflamação do tendão é uma reação secundária.
TRATAMENTO
Gelo é uma forma de tratar a lesão (Foto: Arquivo)
O tratamento deve sempre começar com medidas conservadoras, incluindo a proteção, repouso relativo, gelo, compressão e elevação, medicamentos anti-inflamatórios não esteróides (AINE) e analgésicos estão indicados na fase aguda e modalidades de exercício de reabilitação (PRICEMM) .
O paciente deve ser encorajado a reduzir o seu nível de atividade física para diminuir o esforço repetitivo sobre o tendão. Os exercícios de reabilitação envolvem um programa de alongamento e fortalecimento e devem ser iniciados precocemente. Nos casos graves, há um período de imobilização para acalmar a dor e a inflamação ocasionadas pela lesão antes do início da terapia.
Outras modalidades de fisioterapia incluem ultrassons, a iontoforese (carga elétrica para dirigir a medicação para dentro dos tecidos) e fonoforese (utilização de ultrassons para melhorar a entrega de drogas aplicadas topicamente), mas há pouca evidência da sua eficácia no tratamento.
Outras modalidades de fisioterapia incluem ultrassons, a iontoforese (carga elétrica para dirigir a medicação para dentro dos tecidos) e fonoforese (utilização de ultrassons para melhorar a entrega de drogas aplicadas topicamente), mas há pouca evidência da sua eficácia no tratamento.
RELATOS
" Fiquei dois meses sem correr e tive que fazer fisioterapia três vezes por semana. Agora, faço uma corrida light e complemento com um fortalecimento leve também. Esse ano não tenho mais provas e ainda perdi minha maratona". Ismael Neto, Minas Gerais.
" Há um mês que estou parado, e terei que ficar mais outro, por conta de uma tendinite no tornozelo esquerdo. Ele inflamou tanto que atingiu o nervo do joelho, segundo o ortopedista. A dor não chegava a ser forte, mas incomodava a ponto de eu não poder ficar de pé por muito tempo e muito correr. Era como se tivesse levado um chute ou pontapé muito forte de alguém. O médico me indicou atividades que não causam impacto, como natação. Sem contrar raio-x, ressonância, e fisioterapia. Já não sinto mais dor, mas, por hora, o médico pediu para esperar mais um pouco".Marcelo Rios, Paraná.
PALAVRA DO ESPECIALISTA
"Há uma série de tendões importantes no pé e no tornozelo que são fundamentais para a função diária, caminhada e esportes de impacto. Muitas das terapias convencionais para tendinopatia falharam consistentemente em corrigir o processo degenerativo básico e muitos tratamentos novos estão sendo desenvolvidos. Esses incluem a terapia por ondas de choque extracorpóreas, a ablação por radiofrequência, tenotomia percutânea, injeção de fator de crescimento (PRP), proloterapia e nitratos tópicos. A eficácia destes tratamentos está sendo investigado e, na literatura, ainda estão no nível de evidencia C". Dra. Ana Paula Simões é mestre em Ortopedia e Traumatologia pela Santa Casa de São Paulo, especialista e delegada regional do Comitê de Traumatologia Esportiva, médica assistente do grupo de traumatologia do esporte da Santa Casa de São Paulo e da seleção brasileira de futebol feminino e membro da sociedade brasileira de medicina esportiva.
**Todas as informações dessa matéria são de Ana Paula Simões.
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