terça-feira, 7 de abril de 2015

Sarcopenia e aspectos do envelhecimento humano

A doença está diretamente vinculada à redução da massa muscular, que acomete inclusive os indivíduos saudáveis.

Perda de massa e de força muscular que afeta principalmente pessoas idosas, a partir dos 65 anos. Em síntese, essa é a principal descrição da sarcopenia, doença que resulta de uma interação complexa de diminuição de hormônios, aumento de mediadores inflamatórios, distúrbios da inervação e alterações da ingestão protéico-calórica que acontecem durante o nosso processo de envelhecimento. A predominância de incapacidade e dependência funcional é mais notável em idosos e está diretamente vinculada à redução da massa muscular, que acomete inclusive os indivíduos saudáveis. O resultado mais óbvio inclui tendência a quedas, redução de mobilidade e aumento da incapacidade funcional e dependência. 
A perda muscular é tanto quantitativa quanto qualitativa, com eventuais alterações na composição da fibra muscular, contratilidade, densidade capilar, características de fadiga e metabolismo da glicose. Embora a doença seja diagnosticada principalmente na população idosa, ela também pode se desenvolver em adultos jovens, especialmente em casos de demência e osteoporose. As mulheres, indivíduos sedentários, adeptos do tabagismo, com atrofia por desuso, saúde fragilizada e, claro, fatores genéticos, estão relacionados como os principais vetores para incidência da sarcopenia.
Nesse processo, influenciam ainda a alteração na síntese de proteínas, dos níveis hormonais, proteólise (processo de degradação de proteínas), a perda da integridade neuromuscular, aumento da inflamação e desnutrição, entre outros aspectos. A sarcopenia é considerada "primária" (ou relacionada com a idade) quando não parece haver nenhuma outra causa notável que não seja o próprio envelhecimento. Quando uma ou mais causas além dessa são evidentes, ela é chamada de sarcopenia secundária.
A diminuição ou perda da força muscular implica a composição e densidade do metabolismo capilar e da glicose. O idoso que sofre de sarcopenia pode ter sua independência muito afetada, se necessitar de cuidados especiais e do auxílio constante de outras pessoas. Um dos problemas mais comuns são as quedas, que ocorrem pela deficiência na musculatura. 
Em geral, o paciente é aconselhado a evitar passeios sozinho e a subir ou descer escadas. Mesmo as atividades cotidianas tornam-se mais complicadas, o que justifica recomendar que o idoso não fique sozinho. Suas consequências comprometem diretamente a funcionalidade e a qualidade de vida de muitos idosos, com evidente repercussão emocional e de saúde. 
Nem todas as pessoas idosas vão necessariamente sofrer de sarcopenia, embora, como já dissemos, a doença esteja relacionada ao processo de envelhecimento. Os fatores que levam alguns pacientes a terem a sarcopenia em geral são crônicos, podendo ainda, em alguns casos, estar relacionados à maneira como a pessoa viveu, no que toca aos hábitos alimentares, à prática de exercícios, entre outros itens.
A falta de hábitos de atividade física é reconhecida como um elemento importante para o aparecimento da sarcopenia primária (relacionada ao envelhecimento). Tanto homens como mulheres idosos com histórico de menor atividade física têm, naturalmente, menos massa muscular e maior incapacidade física. A prática regular de exercícios, desde a juventude torna mais lento o processo de perda muscular do idoso. 
A medida mais eficaz para prevenir a perda muscular e recuperar massa são os exercícios de resistência. No entanto, a sarcopenia associada ao envelhecimento surge após um processo lento e progressivo, podendo ocorrer inclusive naqueles indivíduos que praticam exercícios físicos regularmente. 
SINTOMAS
Dificuldade para realizar atividades, outrora cotidianas, como fazer caminhadas, subir e descer escadas, levantar de uma cadeira ou de um sofá sem precisar se apoiar com as mãos são indícios de que o paciente está perdendo força muscular. A definição exata dos critérios da síndrome ainda é muito estudada. 
De toda forma, a sarcopenia, assim como sua reversão, está diretamente relacionada ao desempenho musculoesquelético e ao potencial papel da reabilitação na restauração da capacidade física. Entre os indicadores da doença, estão perda de peso recente (em especial da massa magra), diminuição da velocidade da marcha, fadiga, relato de quedas frequentes e redução da atividade física.
As alterações musculoesqueléticas, já mencionadas, relacionam-se com a perda ou diminuição funcional que repercute, desde o metabolismo basal até as funções renal, cardíaca, pulmonar e na capacidade vital como um todo, o que facilita o desenvolvimento de doenças crônicas, a exemplo do diabetes, da osteoporose, hipertensão arterial e obesidade. Uma das consequências da sarcopenia é o surgimento de alterações no sistema nervoso e a redução de secreções hormonais.
O médico ortopedista pode identificar o problema e recomendar tratamentos personalizados para cada paciente. A maioria inclui atividades físicas, com o objetivo de restaurar a força muscular. Para fazer o diagnóstico de sarcopenia, em geral os exames mais utilizados são os de imagem, como a tomografia computadorizada, ressonância magnética e radiografia.
Os pacientes que não cultivaram o hábito da prática de exercícios na juventude, antes de desenvolver a sarcopenia e, de repente, se veem diagnosticados, terão necessariamente que aceitar a mudança de rotina, que vai passar a incluir atividade físicas cotidianas, já que o tratamento da doença se fundamenta em exercícios que podem auxiliar no fortalecimento dos membros que perderam a força. Hábitos alimentares, com aumento da ingesta de proteínas, também são outro ponto a se observar.
NOVA ROTINA
De sedentário a praticante de atividade física, o idoso precisa ser muito bem orientado e monitorado. Os principais exercícios que ele vai executar deverão alcançar e ativar as grandes regiões de massas musculares, de maneira a agir no metabolismo aeróbico do paciente. Por isso, é importante que ele entenda que não deve, de uma hora para outra, iniciar essa prática de forma aleatória.
O exercício proporcionado pelas caminhadas é um dos primeiros a ser adotado, no entanto, a transição deve ser feita de maneira racional. Deve-se começar a caminhar diariamente, mas, pelo menos no início, realizar apenas pequenos trechos, de preferência sempre acompanhado, já que, por falta de costume e pela própria condição clínica, o paciente pode eventualmente sentir dor no início desse processo. Além do médico, o paciente deve contar com a assistência de um nutricionista, que deverá listar quais os alimentos em que se encontram as vitaminas necessárias, assim como indicar a quantidade de porções diárias.
A prática adequada do exercício físico em conjunto com uma dieta balanceada são os principais instrumentos para a recuperar a qualidade de vida e, também, para prevenir o aparecimento da sarcopenia no indivíduo idoso. O treinamento físico deve ser gradual e crescente, para resultar num eficaz aumento de força e volume dos músculos. O uso de suplementos alimentares não está descartado, desde que indicado por nutricionista.
Uma terapêutica que ainda é controversa no tratamento da sarcopenia é a reposição de esteroides sexuais. Acredita-se que a suplementação hormonal possa ser uma terapia aliada no tratamento e na prevenção da doença, mas a reposição estrogênica não obteve resultados efetivos entre os pacientes do sexo feminino. Fala-se também na reposição de testosterona, em especial para pacientes masculinos com hipogonadismo (doença em que os testículos não produzem quantidades adequadas de hormônios sexuais, como a testosterona). Essa reposição tem resultado para aumento da massa muscular.
É preciso ressaltar que essas terapias aplicadas para os casos de sarcopenia ainda necessitam de mais estudo, já que a segurança do uso em longo prazo não se encontra completamente bem definida. Entre as principais reações adversas que figuram na literatura médica estão a retenção de líquido, ginecomastia (aumento do seio nos homens), hipertrofia da próstata, aumento do antígeno prostático específico (PSA, com o qual se realiza exame para detecção de câncer de próstata) e, até mesmo, casos de morte súbita.
 

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