Pé diabético, mais do que uma complicação do diabetes, é considerado uma situação clínica bastante complexa e que pode atingir não só os pés, mas também os tornozelos dos portadores de diabetes, provocando situações como perda da sensibilidade protetora dos pés, úlceras em diferentes estágios evolutivos, deformidades, infecções, amputações e até problemas vasculares periféricos.
De acordo com o Dr. Fábio Batista, ortopedista e coordenador da Clínica de Tratamento Ortopédico do Pé Diabético do Programa de Ortopedia e Reumatologia do Einstein, comumente o paciente só se preocupa com a lesão quando esta já está em estágio avançado e, em muitas vezes, acompanhada de uma infecção secundária, fazendo com que o tratamento seja bem mais complexo. "O indivíduo portador de diabetes deve ser avaliado como um todo e deve integrar protocolos de avaliação médica bastante criteriosos", explica o médico.
Diagnóstico, sintomas e complicações
Dados epidemiológicos demonstram que o pé diabético é responsável pela principal causa de internação do portador de diabetes. A Organização Mundial de Saúde reconhece que a saúde pública se depara com um sério problema em relação ao diabetes. A previsão para o ano de 2025 é de mais de 350 milhões de portadores de diabetes. Destes, pelo menos 25% vão ter algum tipo de comprometimento significativo nos seus pés. Atualmente, estima-se que, mundialmente, ocorram duas amputações por minuto em razão do pé diabético, sendo que 85% destas são precedidas por úlceras.
"O Pé Diabético, principal causa de amputação do membro inferior, tem como principais fatores de risco a neuropatia periférica e a limitação da mobilidade das juntas; assim, pode reunir características clínicas variadas, como alterações da sensibilidade dos pés, presença de feridas complexas, deformidades, alterações da marcha, infecções e amputações, entre outras", relata o Dr. Batista.
Tipos de tratamento
De acordo com o ortopedista, a tendência atual, em virtude da abordagem e dos resultados mais eficientes, vem apontando para a necessidade da inserção de todos os pacientes portadores de diabetes em centros integrados por multiprofissionais capacitados no tratamento especializado do pé diabético.
"Estatisticamente, é importante ressaltar que 50% dos portadores de diabetes desconhecem que têm este diagnóstico. Portanto, é de suma importância a busca desses pacientes. Aqueles que já têm consciência do diagnóstico devem ser submetidos a exames clínicos pormenorizados e categorizados em grupos de risco, para assim, receber tratamento clínico individualizado", explica o Dr. Batista.
"A abordagem deve ser especializada e conduzida pelo médico familiarizado com este cenário especial, devendo contemplar um modelo de atenção integral (educação, qualificação do risco, investigação adequada, tratamento apropriado das feridas, cirurgia especializada, aparelhamento correto e reabilitação global), objetivando a prevenção e a restauração funcional da extremidade", ressalta.
Prevenção e cuidados
De acordo com o médico, este deve ser o capítulo mais importante neste tipo de doença.
O exame diário dos pés e a proteção de dedos e tornozelos são maneiras mais fáceis de evitar o aparecimento de lesões. É necessário secar bem os pés, cortar as unhas periodicamente e com cuidado para não causar feridas, evitar a aproximação de calor perto do local (bolsas de água quente e fogo), examinar diariamente os sapatos e ir a consultas periódicas com seu médico.
O fumo e o álcool também são fatores agravantes para pacientes portadores de diabetes, pois colaboram para o agravamento de problemas neurovasculares.
"A educação, a informação e a intervenção precoce, sem dúvida nenhuma, são consideradas os pontos-chaves para uma mudança favorável de prevenção e conscientização deste sério e complexo problema", finaliza o médico.