Saiba a importância de regressar aos estudos depois dos 60 anos
"A minha vida melhorou". Foi com essa frase que a dona de casa Cecília Sampaio da Silva, de 73 anos, resumiu a felicidade de voltar a uma sala de aula. Ela faz parte de um grupo de pessoas maduras que, por algum motivo, não pararam suas atividades, mesmo com o passar dos anos. Com tempo de sobra, eles resolveram encarar novos desafios seja aprendendo uma língua diferente ou uma nova dança, por exemplo. Afinal, nunca é tarde para começar.
Há 18 anos, a dona de casa faz cursos na Universidade Aberta à Terceira Idade (UnATI/UERJ). Entre as atividades realizadas atualmente estão aulas de teatro, dança de salão e psicomotricidade. Ela contou que antes de frequentar a UnATI se sentia muito sozinha em casa e se aborrecia por causa de problemas familiares. Agora, com tantas ocupações, ela conta que está se sentindo muito melhor e que a vida ganhou um colorido vem diferente. "Hoje eu sou outra pessoa. Quando cheguei estava no começo de uma depressão, mas agora faço de tudo, não penso no que acontece em casa."
Muitos podem se perguntar se foi fácil para uma senhora de 73 anos fazer tantas atividades. Ela contou que no início, quando chegou à aula de teatro - sua primeira atividade na UnATI - sentiu dificuldade para memorizar os textos. "Eu não conseguia decorar em casa porque a família era grande, são dez filhos e 16 netos. Não havia como ficar concentrada. Mas quando eu pegava o ônibus, eu começava a estudar. Os colegas e o professor me ajudaram, e eu segui adiante. De vez em quando tenho uma dificuldade, mas eu me recupero." – revela Cecília, que atualmente faz até figuração em novelas e minisséries.
Outro bom exemplo de que nunca é tarde para aprender é o caso do funcionário público aposentado Claudionor Vieira, de 67 anos. Ele pratica dança de salão, às terças e quintas-feiras, também na UnATI, e faz natação duas vezes por semana. "Havia um vazio no tempo e eu resolvi preenchê-lo, voltando a dançar. No momento, eu estou feliz porque estou praticando tango. Eu gosto muito do ritmo." – conta ele, que, além da dança, possui um hobby: a fotografia e a filmagem.
"Nas horas vagas, sempre que há um evento, eu filmo e fotografo. Às vezes é um aniversário de um colega ou uma reunião. Houve uma excursão para Miguel Pereira., como meus colegas da UnATI foram, eu resolvi ir e tirei muitas fotos. É um hobby que eu gosto É importante não desistir, você não pode parar no tempo. O corpo e a mente precisam de atividades." – explica Claudionor.
Na opinião da coordenadora da UnATI Célia Sanches, é bom que as pessoas maduras façam algo produtivo, pois senão elas voltam ao passado, e acabam não vivendo o presente. Ela conta que mudanças acontecem quando as pessoas dessa faixa etária começam a frequentar a universidade. "Percebemos que essas pessoas que entram na universidade mudam, a qualidade de vida melhora. Eles já não ficam somente pensando em doença. Eles querem viver, pintar, desfilar e interagir. Há uma mudança cultural e física na vida deles, uma convivência com a sociedade melhor. Eles acabam aceitando que o mundo é mais moderno e que está mudando."
E para quem acredita que alunos nessa idade não tem "fôlego" para tantas atividades, saibam que eles estão cada vez mais sedentos em aprender. Sanches explica que eles não sentem dificuldades, mas sim receio. "Depois de um início um pouco ressabiado, eles vão se entrosando entre os amigos e professores. Aqueles que possuem dificuldades, como por exemplo, algum problema de alfabetização, quando eles entram aqui saem alfabetizados." – finaliza a coordenadora.
Por Danielle Pingitore
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