sexta-feira, 13 de abril de 2012

Os riscos das fórmulas para perder peso




As doenças da tireóide mais freqüentes entre as mulheres maiores de 35 anos podem trazer prejuízos à saúde. Um dado preocupa: o uso de pílulas para emagrecer é uma das causas do hipertireoidismo induzido, conforme revela pesquisa. Com a chegada do verão, aumenta na mulher o desejo de estar mais magra para usar biquínis e se expor ao sol com um corpo perfeito.
Querendo alcançar a boa forma a todo custo, as mulheres lançam mão de recursos nem sempre muito saudáveis, como as pílulas de emagrecimento. As fórmulas manipuladas na maioria delas contêm hormônios tireoidianos, que poderão causar alterações na tireóide, glândula fundamental ao equilíbrio do organismo.
Pesquisa realizada em duas faculdades do Rio de Janeiro com 1299 brasileiras acima de 35 anos revela um aspecto preocupante: 12,3% das entrevistadas sofrem de hipotireoidismo espontâneo, ou seja, sua glândula tireóide produz pouco hormônio (T3 e T4). A maioria delas não tinha conhecimento disto. O que foi constatado também é que 34% das mulheres que participaram da pesquisa usaram em algum momento fórmulas para emagrecer que continham hormônio tireoidiano.
As que utilizaram esse medicamento nos últimos dois meses apresentaram supressão do hormônio TSH (que controla o funcionamento da tireóide). Como conseqüência desse desequilíbrio ocorre um aumento do hormônio tireoidiano, que leva ao hipertireoidismo induzido. Segundo a Dra. Rosely Sichieri, do Departamento de Epidemiologia do Instituto de Medicina Social da UERJ, uma das coordenadoras da pesquisa, a maioria das pessoas estudadas está na faixa de 35/44 anos.
Nem todos os problemas de obesidade estão associados à tireóide. “Tomar hormônio para controlar o peso traz efeitos positivos mínimos e pode ser muito negativo”, diz.

Uma glândula fundamental
Localizada na base do pescoço, a tireóide em forma de asa de borboleta é uma das maiores do corpo humano. No adulto seu peso é de aproximadamente 15 a 25 grs.
A função da glândula tireóide é produzir, armazenar e liberar hormônios tireoidianos na corrente sangüínea. Esses hormônios, também conhecidos como T3 e T4, agem em quase todas as células do organismo. Quando os seus níveis no sangue estão baixos, o corpo funciona mais lentamente. Se há aumento nestas taxas, ele trabalha de forma mais acelerada, também afirma o Dr. Mario Uaisman, professor de endocrinologia da UFRJ.
O médico afirma ainda que a quantidade de hormônios tireoidianos produzidos pela glândula tireóide é controlada por uma glândula que se encontra no cérebro chamada pituitária, ou glândula hipófise. Outra parte do cérebro, o hipotálamo, envia informações à hipófise. Coração, cérebro, fígado e rins, os principais órgãos do corpo humano, dependem da tireóide, que interfere no crescimento e desenvolvimento das crianças e adolescentes.
Na regulação dos ciclos menstruais, na fertilidade, no peso, na memória, na concentração, no humor e no controle emocional. É fundamental que ela esteja em perfeito funcionamento para garantir a harmonia do organismo.

As disfunções da tireóide
Apresentada no 13º Internacional Thyroid Meeting em Buenos Aires, a pesquisa realizada pela UFRJ e UERJ é o primeiro estudo epidemiológico brasileiro sobre a doença. Segundo os médicos que o coordenaram, 12,3% da população brasileira feminina acima de 35 anos tem alguma forma de hipotireoidismo. Na Holanda o índice é de 10,8%, nos Estados Unidos é de 9,5% e na Espanha é de 4,7.
A doença causada pela diminuição do funcionamento da tireóide pode acarretar pele seca, sonolência, déficit de atenção, diminuição de apetite, fraqueza muscular, raciocínio lento e depressão, entre outros sintomas.

As alterações: Hipo e Hipertireoidismo
As causas do hipotireoidismo podem ser: uma doença autoimune, a tireóide de Hashi, Oto, ou o uso de medicamento que contenha amiodarona lítio ou iodo. A doença predomina no sexo feminino e pode também provocar irregularidade menstrual, infertilidade e galactorréia (aparecimento de leite nas mamas fora do período de gestação e puerpério). O diagnostico é feito através do exame de TSH e dosagem de T4.

O tratamento utiliza um medicamento à base de Tiroxina
Toda mulher deveria fazer o exame no pré-natal e no início da menopausa. O risco da doença aumenta com a idade sendo mais freqüente neste período. O diagnóstico precoce e o tratamento correto melhoram a qualidade de vida dos pacientes, diz Dr. Uaisman.
O hipertireoidismo se caracteriza pelo aumento do funcionamento da tireóide. Decorre de doenças autoimunes ou de nódulos na tireóide. A doença pode, ainda se desenvolver pela ingestão de hormônio tireoidiano.
Os estudos realizados apresentam dados significativos em relação à ingestão desse hormônio, que pode estar presente nas pílulas de emagrecimento. O hipertireoidismo pode acelerar a osteoporose e precipitar uma arritmia cardíaca.
A doença sozinha não mata, mas traz conseqüências que, se não tratadas a tempo, levam à morte. Os sintomas são: fome excessiva, aumento do ritmo intestinal, nervosismo, insônia, tremores, intolerância ao calor, palpitações e cabelo seco.
Esses sinais passam despercebidos ou são confundidos com estresse ou cansaço, diz. O Dr. Mario afirma que o uso dessas pílulas é muito arriscado. Na maioria das vezes, as mulheres não sabem o que contém nas pílulas que ingerem.
No entanto, basta tomar o medicamento por três semanas, para ter problemas de supressão do TSH e aumento do hormônio tireoidiano. Os danos à saúde são sérios. Às vezes os sintomas aparecem de uma só vez, alerta o Dr. Uaisman. Diagnosticar as doenças da tireóide não é difícil.
O tratamento precoce pode salvar vidas. Se você deseja exibir um corpo bonito, evite receitas que prometem resultados imediatos. Não existem fórmulas milagrosas, o que existe é a persistência em controlar a alimentação, fazer exercícios físicos e você conseguirá ter o corpo tão sonhado sem correr riscos.
Acima de tudo “se ame”.

Fonte: Mafalda Ruiz Domingues 
Consultora e Profª de Estética 

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