segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Personal trainers para idosos

Trabalho diferenciado com alunos da terceira idade foca no fim do sedentarismo e na promoção da saúde.

Amarrar os sapatos, levantar do sofá com um copo na mão, caminhar pela casa, varrer o chão. Parecem atividades simples mas trata-se, na verdade, de malhação.
A freqüência de movimentos, feita por alunos que já passaram dos 70 anos, garante não só fortalecimento da musculatura, mas independência para eles viverem plenamente a melhor idade.
Todos estes “exercícios triviais” podem ser acompanhados por um profissional especializado cada vez mais frequente no mundo da ginástica. É uma espécie de “personal vovô”, uma tendência forte no País afirma o presidente da Fitness Brasil, Waldyr Soares, 72 anos, idealizador e consumidor desta modalidade de mercado crescente.
“A população está envelhecendo e, ao mesmo tempo, o sedentarismo aumenta. Estas duas condições não podem ser combinadas porque viver muito sem qualidade, ao meu ver, não é vantagem”, afirma Soares que foi um típico sedentário até os 45 anos e agora corre três vezes por semana, vai à academia e também tem ajuda de uma personal especializada.
“Ela foca no alongamento comigo. A idade traz limitações dos tendões, isso encurta os movimentos”, diz o presidente da Fitness, entidade que reúne 15 mil academias e mais de 3 mil personais e que na última feira internacional do setor – ocorrida em abril – capacitou 600 profissionais para o tratamento personalizado em alunos mais velhos.

Ascensão
Trabalhar o alongamento, fortalecer musculatura e ampliar as capacidades do pulmão e do coração são os objetivos dos personais trainers especializados em idosos, explica Dudu Rodrigues, que trabalha com este público há 20 anos e agora, satisfeito, diz que outros professores de educação física também estão especializando-se em alunos sexagenários.
“O foco não é a estética, mas também não é a doença. O objetivo é a prevenção de problemas de saúde”, explica Rodrigues.
“Estamos em uma das pontas no trio formado por médico, fisioterapeuta e educador físico do idoso. Só podemos trabalhar com este público se o médico liberar. As informações entre estes especialistas precisam ser trocadas sempre e, assim, o bem-estar da terceira idade é garantido”, diz Dudu, que atua com um grupo de idosos no Parque do Ibirapuera, em São Paulo, e também faz trabalho personalizados para clientes de até 90 anos.
As projeções do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que em 2025 o número de idosos, pela primeira vez, vai superar o de jovens no País. E a população que desde cedo “aprende” a ser sedentária só aumenta as estatísticas após os 55 anos.

Dentro de casa
“Raio-X” da saúde do brasileiro e feito com base em um estudo populacional do Ministério da Saúde, é possível constatar que entre as pessoas de 18 a 24 anos, 21,1% dos homens e 10% das mulheres são inativos fisicamente, ou seja, não fizeram um único movimento com o corpo nos últimos três meses (como caminhadas, ginástica ou um futebolzinho). Na faixa etária entre 65 anos ou mais, a taxa sobe para 29,1% e 17%, respectivamente.
Para diminuir a incidência da população mais velha e sedentária, o personal especializado em terceira idade, Caio Augusto Siqueira, elaborou uma sequência de atividades que pode ser incorporada à rotina dos idosos. É dele a autoria da “malhação trivial” descrita no início da reportagem.
“O treinamento é elaborado para ser feito dentro de casa, em pequenos apartamentos, com base nos princípios que trazem qualidade de vida para os idosos, sendo eles equilíbrio, flexibilidade e postura”, diz Siqueira que faz o trabalho com três alunos, duas senhoras de 65 e 70 anos e um experiente malhador de 88 anos.
“Tudo precisa ser observado, como é a capacidade visual do idoso, como estão as suas articulações, as dores. Outro aspecto importante é sempre dar retorno sobre a evolução do condicionamento físico não só para o aluno e também aos seus familiares”, explica Caio Augusto Siqueira.

Conheça alguns dos principios aplicados na aula para idosos.
- Iniciar os treinos com alongamentos auxilia na manutenção da mobilidade pois, com o passar dos anos, os tendões ficam mais curtos;
- Em ambientes fechados o uso de bolas de tamanhos e pesos diferentes ajudam no equilíbrio e no fortalecimento da musculatura;
- Para os idosos, as sequências de exercícios não podem ser muito repetitivas para evitar o desgate. Prefira séries curtas;
- Os móveis da casa podem ser aliados. “Treinar” ações do cotidiano como levantar e sentar da cadeira pode prevenir quedas futuras;
- Outro ponto importante a ser trabalhado pelo “personal vovô” é a postura. No chão é possível fazer exercícios com segurança.


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