Roncar pode parecer apenas um barulho que incomoda quem está dormindo ao lado.
No entanto, ronco é um problema complexo que pode causar ruídos de intensidade similar aos de uma esquina barulhenta. Pode ter graves reflexos no casamento e no relacionamento social, além de ser sinal de obstrução respiratória com sérias repercussões ao organismo. Por não conseguir aprofundar o sono, o roncador tem sonolência durante o dia e redução no rendimento psíco-intelectual, por ter reduzido a saturação de oxigênio no sangue. Além disso, o ronco pode se associar à hipertensão arterial e a problemas cardiovasculares.
A causa mais comum entre os roncadores é a obesidade, sem querer dizer que o problema é exclusivo dos gordinhos. Os magros também têm motivos para roncar.
Mas, o ronco não tem uma, mas sim múltiplas causas. Na maioria das vezes, se associa com obstrução das vias respiratórias e conseqüente vibração dos tecidos moles gerando aparecimento do ruído. Portanto, cada indivíduo ronca por um somatório diferente dessas inúmeras causas.
O fato é que, para respirarmos, precisamos expandir os pulmões contra a pressão positiva do abdome, resultante do gás do tubo digestivo. Para isso, contamos com a ajuda da musculatura respiratória (diafragma, músculos intercostais, abdominais, etc.). Quando estamos em pé, ainda contamos com auxílio da gravidade, mas deitados, dependemos exclusivamente da musculatura. Assim, nos obesos, com flacidez muscular, gordura abdominal e muitos gases no tubo digestivo, o esforço respiratório é muito maior. O quadro pode ser agravado após refeições copiosas antes de deitar; em situações de stress ou com a ingestão de bebidas alcoólicas, que tendem a relaxar a musculatura em geral.
Esse esforço respiratório soma-se ao estreitamento das vias respiratórias,
que pode ocorrer em vários níveis do nariz, como por exemplo:
alergias respiratórias, desvios do septo, hipertrofia das amígdalas, etc.
Fatores relacionados à faringe, como flacidez do véu do paladar, hipertrofia da úvula ou “campainha”, aumento de amígdalas, também contrinuem. Cita-se ainda: produção excessiva de secreções, problemas da mandíbula, de oclusão dentária e ainda nos pulmões (fumo, bronquites), etc.
O estreitamento pode ocorrer em diferentes graus, variando de formas leves até formas graves, podendo levar à apnéia, paradas momentâneas da respiração, geralmente por colapso do véu palatino ou queda da língua sobre a parede da faringe num mecanismo valvular. Pacientes com apnéia intensa podem necessitar de respiradores de pressão positiva para dormir, evitando-se a falência do sistema cardio-circulatório.
Alguns casos, como desvios do septo, sinusites crônicas, polipose nasal e aumento das amígdalas e adenóides podem ser tratadas cirurgicamente. A plástica da úvula e do véu do paladar, conhecida como “cirurgia do ronco”, pode ser útil em muitos casos, removendo o excesso de tecido muscular e gorduroso, responsável pela vibração e aparecimento do ruído durante a respiração.
É importante entender que o tratamento do ronco é na realidade um “pacote” de medidas, que incluem emagrecimento, mudança de hábitos, abolir álcool e fumo, atividade física rotineira e tratamento clínico dos fatores coadjuvantes.
Cabe ao paciente conhecer a sua doença e ter o propósito de melhorar, controlando doenças paralelas, como a “preguicite aguda” e a “falta de tempo para si mesmo”. Cabe ao médico, utilizar os recursos diagnósticos para analisar cada caso, oferecendo as melhores alternativas para tratamento do ronco.
Fonte: Dr. Fernando Gosling
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